Para
não variar demasiado, os donos da comunicação social, o
jornalismo de merda e os seus especialistas convidados
decidiram outra vez pelos portugueses quais são as suas duas opções.
A escolha que eles propõem, também para não variar, é outra vez
entre a sífilis e a gonorreia. (não imagino por que
obscuros e bizarros processos de breinssetormingue mentecapto é que eles chegaram a
esta sugestão de escolha se, entre as várias outras opções
possíveis também havia o escorbuto, a peste negra,
a febre amarela, a diarreia incontinente e até,
imaginem, a vida simples, digna e decente).
Para
isso organizaram e promoveram com trombetas e violinos “o grande
debate”, um combate definitivo, uma espécie de grande final
tira-teimas.
Claro
que também organizaram, durante toda a santa tarde, um grande
pré-match onde as mais rutilantes vedetas do jornalismo de
merda, acolitadas por igualmente renomados especialistas
convidados, foram comentando os prognósticos antecipados até
ao pentelho esmiuçando até ao nervo e esburgando até ao osso as
tácticas e as estratégias dos colossos que, à noite, iriam
dirimir, ao vivo e a cores, a temática da problemática que,
para eles, tanto desinquieta os portugueses.
É
óbvio que depois do grande match, pla noite dentro, também
fizeram o pós-match, onde os mesmos especialistas de
merda protagonizaram penosos, redundantes e intermináveis
debates para aferir qual dos formidáveis antagonistas tinha afinal
vencido o pleito.
É
claro que não vi. Nem o pré-match, nem o match, nem o
pós-match. Estive a ler (A época da caça, Andrea
Camilleri, sempre inteligente e entranhadamente divertido). Por isso não faço a menor ideia, nem tenho a
mínima curiosidade, de saber qual foi o vencedor apurado em
tal concílio de especialistas
da vida sórdida. Já sei que fui eu que perdi. Eu e a
imensa minoria dos que preferiam apenas uma vida simples,
digna e decente.